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Brasil: aspectos gerais

O Brasil abriga 205,3 milhões de pessoas, com um PIB real per capita de US$ 10.616 em 2024. É um grande país federativo, composto pela União (governo federal), 26 estados (mais o Distrito Federal) e mais de 5.500 municípios. Apesar de sua diversidade, a discriminação sistêmica de raça e gênero continua limitando as oportunidades de indivíduos e famílias romperem o ciclo intergeracional da pobreza.

Os brasileiros habitam uma vasta extensão territorial de 8,5 milhões de km² — aproximadamente o tamanho dos Estados Unidos continentais —, distribuídos por ecossistemas variados e com grandes diferenças de raça, história e cultura. O Índice de Capital Humano (ICH) do país indica que crianças nascidas hoje alcançarão apenas 55% de seu potencial produtivo caso tenham acesso pleno à saúde e educação de qualidade. Considerando o desemprego adulto, a produtividade cai para 33%, o que significa que 67% do talento brasileiro é perdido.

Afro-brasileiros e povos indígenas têm menos acesso a escolas e serviços de saúde de qualidade do que brancos, e as mulheres enfrentam discriminação no mercado de trabalho que limita seu potencial de renda. Mesmo antes da pandemia de COVID-19, algumas regiões — como Norte e Nordeste — apresentavam níveis de ICH em torno de 40%, semelhantes aos da África Subsaariana, enquanto áreas mais ricas, como o Sudeste, atingiam índices próximos de 70%, comparáveis aos países da OCDE.

O crescimento econômico do Brasil tem sido resiliente, com média acima de 3% nos últimos três anos. O forte consumo privado, impulsionado por transferências sociais, sustentou a demanda, enquanto o crescimento dos setores de serviços e agricultura apoiou a oferta. A expansão do mercado de trabalho ajudou a reduzir a pobreza e a desigualdade.

Para sustentar o crescimento diante das mudanças demográficas, o Brasil precisa de novas reformas estruturais para aumentar a produtividade, especialmente fora da agricultura; melhorar o ambiente de negócios; promover inovação e abertura comercial; fortalecer os resultados educacionais; aumentar a poupança e o investimento em infraestrutura; e aprimorar a resiliência às mudanças climáticas, especialmente na Amazônia.

A recente reforma tributária indireta deve melhorar a produtividade, reduzir custos de conformidade, simplificar o sistema tributário e eliminar distorções econômicas. No entanto, desafios relacionados ao envelhecimento da população, especialmente em saúde e previdência, devem pressionar as contas públicas.

Em 2024, o PIB real do Brasil cresceu 3,4%, impulsionado pelo consumo robusto, mercado de trabalho forte, transferências fiscais e recuperação dos investimentos. Espera-se que o crescimento modere para 2,2% em 2025 devido às taxas de juros mais altas e ao ambiente externo adverso, com o consumo das famílias desacelerando à medida que a dívida aumenta, as transferências diminuem e os ganhos do mercado de trabalho se reduzem. A projeção é que o crescimento do PIB de médio prazo convirja para 2,3%, refletindo o impacto das reformas em andamento.

A inflação deve convergir gradualmente para 4,2% até 2027, dentro da meta do Banco Central, à medida que o aperto monetário ancora as expectativas de preços e sustenta o crescimento moderado.

O déficit em conta corrente aumentou para 2,8% do PIB, impulsionado por maiores importações de bens e serviços, financiadas principalmente por investimento estrangeiro direto líquido (2,1% do PIB). O Real depreciou 27,9%, chegando a R$ 6,19/US$ 1 no final de 2024, refletindo mudanças externas e incerteza fiscal. As reservas permaneceram em 15% do PIB, cobrindo 14 meses de importações.

A pobreza, medida pela linha de US$ 6,85 per capita por dia, caiu de 21,7% em 2023 para 20,9% em 2024, graças ao mercado de trabalho forte. Foram criados 2,8 milhões de empregos, com o desemprego em mínima histórica de 6,2% e aumento da participação da força de trabalho. O salário médio real subiu 4,8%, superando o aumento de 3% do salário mínimo. No entanto, espera-se que a redução adicional da pobreza seja lenta devido ao espaço fiscal limitado para gastos sociais e ao crescimento mais lento do setor de serviços, onde 80% dos pobres estão empregados.

O déficit fiscal primário do governo geral caiu de 2,3% em 2023 para 0,3% do PIB em 2024, impulsionado pelo forte crescimento da receita e redução de despesas, especialmente pagamentos judiciais extraordinários (“precatórios”, 0,9% do PIB em 2023). A Dívida Bruta do Governo Geral aumentou de 73,8% para 76,5% do PIB em 2024 devido ao aumento dos pagamentos de juros.

Esforços para conter o crescimento das despesas e aumentar as receitas fiscais devem melhorar o déficit primário de 0,1% do PIB em 2025 para um superávit de 0,3% até 2027. A dívida pública deve atingir 79,6% do PIB em 2028, impulsionada pelos altos custos de juros de curto prazo, destacando a necessidade de esforços fiscais adicionais. Depois disso, espera-se que a dívida decline lentamente, sustentada por superávits primários, crescimento contínuo do PIB e taxas de juros domésticas mais baixas.

Apesar dessas melhorias, a sustentabilidade fiscal permanece um desafio. A rigidez orçamentária e o crescimento indexado das despesas prejudicam a eficiência do gasto público e reduzem o espaço fiscal para investimentos.

Com dívida alta e crescente em relação ao PIB, e sensibilidade a choques econômicos, é necessário um ajuste fiscal primário de 3% do PIB para reverter a trajetória da dívida e reconstruir reservas. Controlar os gastos relacionados à idade, especialmente previdência, por meio de reformas como a indexação do salário mínimo, é essencial para cumprir regras e metas fiscais e melhorar a credibilidade das políticas. Uma proposta de reforma do imposto de renda para ampliar a base tributária e aumentar a progressividade também apoiaria a sustentabilidade fiscal.

Os amortecedores macroeconômicos do Brasil permanecem sólidos, com reservas internacionais amplas, baixa dívida externa, Banco Central confiável e independente, sistema financeiro resiliente e flexibilidade cambial.

De modo geral, o Brasil não pode mais depender de ciclos de commodities ou da expansão de terra e trabalho para alcançar o status de alta renda. O país precisa migrar para um modelo de crescimento liderado por produtividade e baixo carbono, impulsionado por educação de alta qualidade e infraestrutura moderna — incluindo digital — para criar mais e melhores empregos. O Brasil pode se tornar um polo global de inovação por meio do aumento da concorrência, abertura comercial e integração às cadeias de valor regionais e globais.

Um ambiente de negócios mais favorável atrairia maior investimento privado na indústria e na transição climática. Apesar dos avanços no sistema financeiro, são necessários ganhos adicionais de eficiência. O Brasil pode empoderar toda sua força de trabalho, especialmente ao remover barreiras sistêmicas que limitam a acumulação de capital e as oportunidades de emprego para afro-brasileiros, indígenas, mulheres e jovens.

Os recursos naturais do Brasil posicionam o país para aproveitar novas oportunidades de crescimento à medida que o mundo migra para setores e mercados de baixo carbono. Como três quartos das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vêm de mudanças no uso da terra e da agricultura, deter o desmatamento e promover a agricultura de baixo carbono são prioridades.

A Floresta Amazônica está próxima de um ponto de inflexão, além do qual pode não gerar chuva suficiente para sustentar seu ecossistema, agricultura, hidrelétricas, abastecimento de água e indústrias, nem fornecer serviços ambientais vitais globalmente. Os esforços para deter o desmatamento na Amazônia não devem levar ao aumento do desmatamento em outros biomas, como o Cerrado, que também são cruciais.

O setor agrícola pode conter o desmatamento, expandir o uso de terras com impacto climático e aumentar ainda mais a produtividade. Com sua matriz energética de baixo carbono, o Brasil pode reduzir emissões nos transportes, indústria e cidades a um baixo custo líquido — cerca de 0,5% do PIB por ano até 2050 —, posicionando-se bem para integração à futura economia verde.

O progresso significativo está ao alcance, mas o tempo é curto. O governo atual trouxe renovada vontade política, uma forte agenda de reformas e programas de desenvolvimento ambiciosos para combater a fome e a desigualdade, promover justiça social, reindustrializar o Brasil e adotar uma economia mais verde.

O país está comprometido em alcançar desmatamento ilegal zero até 2030 e lançou um ambicioso Plano de Transformação Ecológica (PTE) para promover o desenvolvimento inclusivo e sustentável, combatendo as mudanças climáticas. O PTE visa aumentar a produtividade e gerar empregos verdes bem remunerados, reduzir a pegada ambiental da economia e promover o desenvolvimento equitativo por meio de melhor distribuição de renda e benefícios.

Esforços sustentados e forte compromisso dos principais atores, incluindo o setor privado, são necessários, transcendendo divisões políticas e ciclos eleitorais. Se bem-sucedidos, os programas, políticas e reformas atuais fortalecerão a estrutura produtiva e a inovação tecnológica do Brasil no curto prazo, ao mesmo tempo em que lançarão bases mais sólidas para o longo prazo.

Última atualização: 15 de outubro de 2025

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